domingo, 9 de dezembro de 2012

MONTEIRO, Sara Mourão.BAPTISTA, Mônica Correia.

                                                                  Alfabetização e letramento

O texto fala sobre dimensões ou eixos constitutivos do processo de apropriação da linguagem escrita:
- O letramento;
-O desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita de palavras, frases e textos em sala de aula;
-A aquisição do sistema de escrita e o desenvolvimento da consciência fonológica;

       São formas de linguagem a serem exploradas no processo de alfabetização.
 1- Letramento: Se até o início do século XX bastava que a pessoa assinasse o próprio nome para ser considerada alfabetizada, com o passar do tempo, esta denominação careceu de maiores especificações.

 Os conceitos de alfabetização e letramento ressaltam duas dimensões importantes da aprendizagem da escrita. De um lado, as capacidades de ler e escrever propriamente ditas, e, de outro, a apropriação efetiva da língua escrita.
A condição letrada parece ser resultado de um conjunto de fatores que se articulam entre si: o convívio com pessoas letradas, a participação efetiva em eventos de letramento, o desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita, o conhecimento de protocolos de uso da escrita. A escola desempenha um papel fundamental na inclusão das crianças no mundo letrado, bem como na sua formação como usuário desse sistema simbólico.
A formação de novos usuários da língua escrita se faz por meio de um longo caminho que exige prática constante e um olhar atento dos formadores para os interesses, as curiosidades, os materiais de acesso, os hábitos e os modos de viver das crianças.
Reconhecer que o processo de apropriação da linguagem escrita envolve dois processos distintos, de natureza essencialmente diferente, não pode desconsiderar o fato de que são, ao mesmo tempo, processos interdependentes e indissociáveis. Segundo Soares (1998, p.92), a alfabetização não precede nem é pré-requisito para o “letramento”, ou seja, para a participação nas práticas sociais de escrita, tanto é assim que os analfabetos podem ter certo nível de “letramento”: sem que hajam adquirido a tecnologia da escrita, utiliza a quem a tem para fazer uso da leitura e da escrita.
2- O desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita de palavras, frases e textos em sala de aula: leva tempo e requer treino por parte das crianças, por isso, um conjunto de atividades de leitura e escrita de palavras e frases deve fazer parte do planejamento pedagógico das professoras desde o primeiro ano do Ensino Fundamental.
As habilidades de leitura e produção de textos envolvem o conhecimento de elementos que compõem os textos escritos, os seus estilos, a identificação do autor, da finalidade e do contexto de circulação do texto. Esses conhecimentos são construídos na prática cotidiana de leitura e escrita. É preciso prática e orientação adequada para desenvolver uma postura de leitor crítico. Por meio de situações de aprendizagem que tomam o texto como objeto de ensino, as crianças devem ter oportunidade de compartilhar com as professoras suas estratégias, seus conhecimentos, suas habilidades de leitura e escrita.

        À medida que se vai trabalhando os textos com as crianças, é possível observar como elas passam a considerar as orientações da professora no momento em que entram em contato com novos textos. Para as crianças de seis anos, a mediação das professoras é muito necessária. Não apenas porque elas não conseguem ainda escrever e ler textos com autonomia, mas também porque para elas a interação por meio da língua escrita é uma situação que apresenta condições de produção ainda desconhecidas.
   3-A aquisição do sistema de escrita e o desenvolvimento da consciência fonológica: Quando as crianças iniciam o processo de alfabetização, buscam compreender o que a escrita representa, elas começam a lidar com a diferenciação dos dois planos da linguagem: o plano do conteúdo (dos significados), que diz respeito aos significados e sentidos produzidos quando usamos a língua oral ou escrita, e o plano da expressão (dos sons) que diz respeito às formas linguísticas. Os aprendizes vão elaborando hipóteses e resolvendo questões para os problemas que eles mesmos se colocam, num movimento de reconstruções, no qual antigos conhecimentos vão dando lugar a novas formulações.
            Na linha da evolução psicogenética, identificam-se três grandes períodos distintos entre si, dentro dos quais cabem múltiplas subdivisões:
-Primeiro período: Caracteriza-se pela distinção entre o modo de representação icônico e não icônico; antes de a criança ser capaz de distinguir escrita de desenho, ela não pode dedicar-se a considerar as propriedades do texto.
- Segundo período: Ocorre a construção de formas de diferenciação; o aprendiz busca exercer um controle progressivo das variações sobre os eixos qualitativos e quantitativos; para a criança, para que algo seja lido, deve cumprir dois critérios: possuir uma quantidade suficiente de letras e respeitar uma variedade interna de caracteres.
-Terceiro período: Marcado pela fonetização da escrita, que se inicia com um período silábico e culmina em um período alfabético. A criança tenta fazer coincidir a escrita e o enunciado oral.
Os níveis conceituais da evolução psicogenética são:
Nível 1- Para o aprendiz, escrever é reproduzir os traços típicos da escrita.
Nível 2- Para interpretar e produzir textos é preciso haver diferenças objetivas na escrita (grafismos diferentes).
Nível 3- A letras que compõem a escrita possuem valores sonoros.
Nível 4- Passagem da hipótese silábica à alfabética.
Nível 5- Escrita alfabética.
Uma das capacidades das crianças que são desenvolvidas na escola, ao iniciarem o processo formal de alfabetização, está relacionada à análise do sistema fonológico da língua que elas aprenderam a falar desde muito cedo. Os estudos sobre a relação entre consciência fonológica e alfabetização vêm demonstrando o importante papel das habilidades metafonológicas no processo de aquisição da leitura e da escrita num sistema alfabético.
Podemos relacionar três importantes habilidades que constituem a consciência fonológica:
1. Identificação das unidades fonológicas
2. Segmentação das unidades fonológicas;
3. Manipulação: inverter, subtrair e trocar segmentos fonológicos.
Os estudos sobre o desenvolvimento da consciência fonológica das crianças pequenas sugerem a necessidade de uma abordagem sistemática do sistema fonológico ao longo do processo de alfabetização. Ao elaborar a proposta de ensino, é preciso considerar diferentes níveis de abordagem através da atividade pedagógica:

-Análise das variações linguísticas que constituem a linguagem oral;
-Análise das diferentes unidades fonológicas da língua oral;

-Reconhecimento das correspondências entre unidades fonológicas e unidades do sistema de escrita.

           

2 comentários:

  1. Fez uma boa síntese! Abordou todos os tópicos relevantes do texto.
    Muito bom!

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  2. Gostei muito da sistematização que fez sobre a alfabetização a partir da psicogênese da língua escrita.
    parabéns!

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