O texto fala
sobre dimensões ou eixos constitutivos do processo de apropriação da linguagem
escrita:
- O letramento; -O desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita de palavras, frases e textos em sala de aula;
-A aquisição do sistema de escrita e o desenvolvimento da consciência fonológica;
São
formas de linguagem a serem exploradas no processo de alfabetização.
1- Letramento: Se até o início do século XX
bastava que a pessoa assinasse o próprio nome para ser considerada
alfabetizada, com o passar do tempo, esta denominação careceu de maiores
especificações.
Os conceitos de alfabetização e letramento ressaltam
duas dimensões importantes da aprendizagem da escrita. De um lado, as
capacidades de ler e escrever propriamente ditas, e, de outro, a apropriação
efetiva da língua escrita.
A condição
letrada parece ser resultado de um conjunto de fatores que se articulam entre
si: o convívio com pessoas letradas, a participação efetiva em eventos de
letramento, o desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita, o
conhecimento de protocolos de uso da escrita. A escola desempenha um papel
fundamental na inclusão das crianças no mundo letrado, bem como na sua formação
como usuário desse sistema simbólico.A formação de novos usuários da língua escrita se faz por meio de um longo caminho que exige prática constante e um olhar atento dos formadores para os interesses, as curiosidades, os materiais de acesso, os hábitos e os modos de viver das crianças.
Reconhecer que o processo de apropriação da linguagem escrita envolve dois processos distintos, de natureza essencialmente diferente, não pode desconsiderar o fato de que são, ao mesmo tempo, processos interdependentes e indissociáveis. Segundo Soares (1998, p.92), a alfabetização não precede nem é pré-requisito para o “letramento”, ou seja, para a participação nas práticas sociais de escrita, tanto é assim que os analfabetos podem ter certo nível de “letramento”: sem que hajam adquirido a tecnologia da escrita, utiliza a quem a tem para fazer uso da leitura e da escrita.
2- O desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita de palavras, frases e textos em sala de aula: leva tempo e requer treino por parte das crianças, por isso, um conjunto de atividades de leitura e escrita de palavras e frases deve fazer parte do planejamento pedagógico das professoras desde o primeiro ano do Ensino Fundamental.
As habilidades de leitura e produção de textos envolvem o conhecimento de elementos que compõem os textos escritos, os seus estilos, a identificação do autor, da finalidade e do contexto de circulação do texto. Esses conhecimentos são construídos na prática cotidiana de leitura e escrita. É preciso prática e orientação adequada para desenvolver uma postura de leitor crítico. Por meio de situações de aprendizagem que tomam o texto como objeto de ensino, as crianças devem ter oportunidade de compartilhar com as professoras suas estratégias, seus conhecimentos, suas habilidades de leitura e escrita.
À medida que se vai trabalhando os
textos com as crianças, é possível observar como elas passam a considerar as
orientações da professora no momento em que entram em contato com novos textos.
Para as crianças de seis anos, a mediação das professoras é muito necessária.
Não apenas porque elas não conseguem ainda escrever e ler textos com autonomia,
mas também porque para elas a interação por meio da língua escrita é uma
situação que apresenta condições de produção ainda desconhecidas.
3-A aquisição do sistema de escrita
e o desenvolvimento da consciência fonológica: Quando as crianças iniciam o
processo de alfabetização, buscam compreender o que a escrita representa, elas
começam a lidar com a diferenciação dos dois planos da linguagem: o plano do
conteúdo (dos significados), que diz respeito aos significados e sentidos
produzidos quando usamos a língua oral ou escrita, e o plano da expressão (dos
sons) que diz respeito às formas linguísticas. Os aprendizes vão elaborando
hipóteses e resolvendo questões para os problemas que eles mesmos se colocam,
num movimento de reconstruções, no qual antigos conhecimentos vão dando lugar a
novas formulações.
Na linha da evolução psicogenética,
identificam-se três grandes períodos distintos entre si, dentro dos quais cabem
múltiplas subdivisões:
-Primeiro
período: Caracteriza-se pela distinção entre o modo de representação icônico e
não icônico; antes de a criança ser capaz de distinguir escrita de desenho, ela
não pode dedicar-se a considerar as propriedades do texto.- Segundo período: Ocorre a construção de formas de diferenciação; o aprendiz busca exercer um controle progressivo das variações sobre os eixos qualitativos e quantitativos; para a criança, para que algo seja lido, deve cumprir dois critérios: possuir uma quantidade suficiente de letras e respeitar uma variedade interna de caracteres.
-Terceiro período: Marcado pela fonetização da escrita, que se inicia com um período silábico e culmina em um período alfabético. A criança tenta fazer coincidir a escrita e o enunciado oral.
Os níveis conceituais da evolução psicogenética são:
Nível 1- Para o aprendiz, escrever é reproduzir os traços típicos da escrita.
Nível 2- Para interpretar e produzir textos é preciso haver diferenças objetivas na escrita (grafismos diferentes).
Nível 3- A letras que compõem a escrita possuem valores sonoros.
Nível 4-
Passagem da hipótese silábica à alfabética.
Nível 5- Escrita
alfabética.
Uma das
capacidades das crianças que são desenvolvidas na escola, ao iniciarem o
processo formal de alfabetização, está relacionada à análise do sistema
fonológico da língua que elas aprenderam a falar desde muito cedo. Os estudos
sobre a relação entre consciência fonológica e alfabetização vêm demonstrando o
importante papel das habilidades metafonológicas no processo de aquisição da
leitura e da escrita num sistema alfabético.
Podemos
relacionar três importantes habilidades que constituem a consciência
fonológica:
1. Identificação
das unidades fonológicas
2. Segmentação
das unidades fonológicas;
3. Manipulação:
inverter, subtrair e trocar segmentos fonológicos.Os estudos sobre o desenvolvimento da consciência fonológica das crianças pequenas sugerem a necessidade de uma abordagem sistemática do sistema fonológico ao longo do processo de alfabetização. Ao elaborar a proposta de ensino, é preciso considerar diferentes níveis de abordagem através da atividade pedagógica:
-Análise das variações
linguísticas que constituem a linguagem oral;
-Análise das
diferentes unidades fonológicas da língua oral;-Reconhecimento das correspondências entre unidades fonológicas e unidades do sistema de escrita.
Fez uma boa síntese! Abordou todos os tópicos relevantes do texto.
ResponderExcluirMuito bom!
Gostei muito da sistematização que fez sobre a alfabetização a partir da psicogênese da língua escrita.
ResponderExcluirparabéns!